Donald Trump Getty Images O primeiro ano da volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos mais parece um mandato inteiro pelo volume de fatos que Donald Trump Getty Images O primeiro ano da volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos mais parece um mandato inteiro pelo volume de fatos que

Tarifaço, bilionário no governo, aproximação com big techs, investimentos em IA: o ano de Donald Trump

2025/12/28 17:01
Donald Trump — Foto: Getty Images Donald Trump — Foto: Getty Images

O primeiro ano da volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos mais parece um mandato inteiro pelo volume de fatos que aconteceram em 2025. O republicano retornou à Casa Branca em 20 de janeiro e, desde então, já indicou bilionário para cargo no governo, se aproximou das big techs, anunciou investimento em inteligência artificial, embarcou de vez no mundo das criptomoedas e aplicou um tarifaço generalizado, atingindo diversos países, inclusive o Brasil.

De acordo com Fernanda Brandão, doutora em Relações Internacionais e coordenadora do curso de RI da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, o segundo governo de Trump trouxe incertezas e um rompimento geral com uma série de tradições de diplomacia, do processo de construção de consenso na agenda internacional e rompimento com algumas tradições, inclusive da política externa americana.

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“A sensação para os atores internacionais como um todo é de instabilidade, incerteza, insegurança e um rompimento com a ordem internacional construída no pós-segunda Guerra Mundial, sob a liderança dos Estados Unidos, que era a principal potência”.

Segundo a especialista, Trump não é um político tradicional. “Tudo isso é permeado pela vaidade dele. Ele não aceita perder, então, ele dobra a aposta às vezes se ele achar que ele vai ser humilhado em público. E isso foge ao que a gente espera da política internacional”, diz. “As perspectivas futuras de parceria com os Estados Unidos não são vistas como confiáveis, porque você não sabe quando é que a opinião do presidente vai mudar ou qual vai ser o novo assunto que ele vai se interessar e ficar fixado”.

Leonardo Paz Neves, analista de Inteligência Qualitativa no Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da FGV, diz que Trump usa uma tática de tomar diversas atitudes ao mesmo tempo.

“Ele tem uma tática que é meio que fazer algo, independente do que seja, mesmo sabendo que é errado, mesmo sabendo que está numa zona cinzenta da lei ou até contra a lei mesmo: 'eu vou sair fazendo e eu vou esperar o pessoal correr atrás de mim para tentar me parar'", diz. "Como eles têm um formato judicial mais frouxo do que o nosso, aqui no Brasil, especialmente no que tange o STF, ele está conseguindo atropelar um monte de coisa”.

Relembre, a seguir, os fatos que marcaram esse primeiro ano da volta de Donald Trump:

Aproximação com as big techs

PRIMEIRA FILA - A presença dos principais CEOs das big techs na posse de Trump mostra a ligação entre empresas, hiperconectividade e poder — Foto: Getty Images PRIMEIRA FILA - A presença dos principais CEOs das big techs na posse de Trump mostra a ligação entre empresas, hiperconectividade e poder — Foto: Getty Images

Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos no dia 20 de janeiro e líderes de grandes empresas de tecnologia como Jeff Bezos (Amazon), Mark Zuckerberg (Meta), Sundar Pichai (Google), Tim Cook (Apple), além de Sam Altman (OpenAI) e Elon Musk (Tesla, X, SpaceX, xAI) estiveram presentes.

Vale lembrar que até pouco tempo atrás, Trump travava uma “guerra” com os principais nomes das big techs. Zuckerberg é um exemplo. Em 2021, após a invasão ao Capitólio, as contas de Trump no Facebook foram suspensas. Ele chegou a processar a Meta e seu CEO alegando censura, com a dona do Facebook concordando em pagar cerca de US$ 25 milhões para resolver o processo.

Entre o final do ano passado e este ano, porém, os dois se aproximaram. Zuckerberg, inclusive, parece ter ido a um jantar na casa de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, e a Meta doou US$ 1 milhão para o fundo de inauguração do presidente. Além disso, a Meta anunciou no início do ano que encerraria seu programa de verificação de fatos por terceiros, o que muitos encararam como uma tentativa de se alinhar com as visões de Trump.

Bezos é outro exemplo. Em 2021, Trump acusou a Amazon de não pagar impostos justos e de usar o jornal The Washington Post, que é de Bezos, como ferramenta para influenciar politicamente e ajudar a Amazon a evitar o escrutínio regulatório.  A disputa incluiu acusações de interferência de Trump em um grande contrato do Pentágono concedido à Microsoft em vez da Amazon Web Services (AWS). Bezos, porém, estava na posse de Trump. A Amazon também fez uma doação de US$ 1 milhão para o fundo inaugural.  Além da doação, Jeff Bezos se reuniu com Trump em Mar-a-Lago, e a Amazon transmitiu a posse de Trump em sua plataforma Prime Video.

O Google foi outro que doou US$ 1 milhão ao fundo inaugural, mas já enfrentou um intenso escrutínio antitruste durante a administração Trump. Embora Pichai e outros executivos do Google tenham participado de reuniões na Casa Branca para discutir investimentos, a empresa esteve envolvida em uma grande batalha legal com o Departamento de Justiça, iniciada pelo governo Trump, que foi acusada de manter um monopólio ilegal em buscas online. A empresa e Pichai também foram acusados por Trump de censurar vozes conservadoras online.

Até mesmo o TikTok, que já foi alvo de tentativa de ser banido por Trump em seu primeiro mandato, conseguiu uma trégua do presidente norte-americano que assinou, em janeiro deste ano, uma ordem executiva para adiar a aplicação de uma lei que exigia que o app de vídeos curtos parece de funcionar nos EUA ou fosse vendido, com várias prorrogações de prazos desde então.

“Há uma mudança de lado, muito da água para o vinho. De suspenso no Twitter (atual X) a melhores amigos do [Mark] Zuckerberg. Como explicar? Eu acho que é um jogo de interesses”, diz Brandão.

“Quem tem o controle, quem tem o poder sobre esses algoritmos, tem o poder político. Essa é a realidade imposta hoje. Então, essa aproximação, ela deve ter vindo através de promessas e de trocas de compromissos, de defender os interesses dessas empresas, que são americanas, em outros países que estejam elaborando regulações mais rígidas [...] provavelmente existe alguma barganha ali.”

Neves diz que as big techs estavam passando uma situação complexa com o Partido Democrata e acredita que Trump percebeu isso. “Acho que ele viu que o Vale do Silício, que era uma comunidade super progressista, de maneira geral, e, por consequência, ia muito bem com os democratas, por outro lado, passaram a gostar muito da lógica republicana de desregulamentação, liberdade financeira, liberdade econômica”, diz.

“Ele viu ali no Vale do Silício um pessoal super poderoso, super rico, super influente, e viu a importância de ter influência nisso, afinal, excluíram ele do Twitter e ele teve que criar uma mídia própria. Ele vê que aquele setor ali, se ele ficar junto, ele fica poderosíssimo. E quando ele viu que o pessoal estava um pouco órfão, eu acho que ele foi se aproximar deles também.”

Tarifaço em diferentes países

Tarifas impostas pelo governo Trump — Foto: Getty Images Tarifas impostas pelo governo Trump — Foto: Getty Images

No chamado “Dia da Libertação”, em 2 de abril de 2025, Trump anunciou tarifas recíprocas amplas para muitas nações para, segundo ele, estimular a indústria americana. A tarifa base anunciada foi de 10% para todas as importações, com sobretaxas específicas dependendo do país. Trump chegou a usar uma espécie de cartolina com a tabela das tarifas.

Para a China, por exemplo, Trump já havia imposto uma tarifa de 10% em fevereiro. Mas em abril, houve um aumento escalonado. A China resolveu retaliar os EUA e as tarifas foram subindo gradualmente. Os Estados Unidos chegaram a cobrar 145% de produtos chineses (incluindo 20% que já estavam sendo cobrados pela taxa de fentanil) e a China 125%.

Em maio, a guerra comercial teve uma trégua, com as tarifas dos EUA sobre as importações chinesas caindo para 30% e as da China sobre os produtos americanos para 10%. Mas as faíscas não pararam por aí. Em outubro, diante das novas restrições chinesas sobre terras raras, Trump anunciou que poderia impor tarifas extras de até 100% como retaliação direta a medidas de Pequim. Pouco depois, em negociações entre os líderes dos dois países, eles concordaram em suspender as restrições.

“Ele sai fazendo um conjunto de medidas que não é o que ele quer o fim. Quando ele fala: "quero taxar em 100% a China", ele não quer taxar em 100% a China efetivamente. Ele quer que a China simplesmente dê algum tipo de vantagem. Ele sabe que o que ele pede é muito acima do razoável. Então, ele sabe que vai ter recuo”, diz Neves.

O tarifaço também atingiu o Brasil. Inicialmente, o país foi taxado com o básico de 10%, como as outras nações. Mas, em meio a questões políticas, os Estados Unidos decidiu impor uma tarifa de 50% em agosto. Na época, a Casa Branca afirmou que o decreto foi adotado em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”, com o ministro Alexandre de Moraes sendo citado.

"A ordem considera que a perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivados pelo Governo Brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores constituem graves violações dos direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil", disse a nota da Casa Branca.

Mas as coisas começaram a mudar em setembro, quando o presidente americano afirmou em discurso na Assembleia Geral da ONU que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "um cara legal" e que os dois deveriam se encontrar. De fato, eles conversaram em outubro e, no mês seguinte, após a reunião entre o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, os Estados Unidos anunciaram a retirada da tarifa de 40% de alguns produtos brasileiros.

Segundo Brandão, essa taxação trouxe muita incerteza. “Os Estados Unidos, que antes eram vistos como a principal a economia do mundo, a economia mais estável, a economia central, passa a ser vista com desconfiança [...] Os países que tiverem abertura para negociar com os Estados Unidos o farão e o estão fazendo, mas paralelamente eles estão procurando novos parceiros comerciais, novos acordos comerciais, novos acordos regionais”.

Ela afirma que como a metodologia das tarifas não é clara, a sensação é de não saber com o que se está lidando. "Para o cenário de negócios, como é que eu continuo comprando e dependendo deste mercado se eu não sei se amanhã vai ter tarifa, se não vai ter tarifa. Porque além da imposição arbitrária, eu tenho um bota e tira tarifa. Você não sabe se aquelas tarifas vão ser permanentes, se realmente serão aplicadas e se quando for executar o seu contrato, quando você for realizar uma nova compra, se elas ainda vão estar válidas. Então, isso gera incerteza, e o mercado não gosta de incerteza.”

Neves acredita que isso é uma tática de negociação usada por Trump. “O que ele está fazendo é adotar a tarifa como se fosse uma maneira para ele poder virar mesas para fazer negociação. Simplesmente sai tarifando em números extraordinários, como a China, que em uma semana ficou aumentando de 10% para 20%, de 50% para 140% as tarifas. É uma maneira de você falar: ‘Olha, eu vou quebrar o comércio inteirinho, mas eu não vou sair daqui sem ganhar alguma coisa’. Então ele usa isso.”

“Muitas vezes ele faz um negócio, sai prometendo uma coisa absurda, imaginando que o pessoal vai recuar rapidamente. Se o pessoal não recuar rapidamente e ele começa a ver o prejuízo, ele tem que dar uma volta naquilo ali. Aí ele tenta criar uma circunstância em que qualquer ação naquele contexto, ele vai clamar uma vitória. Faz tudo parte do plano."

O analista da FGV afirma que mesmo Trump promovendo uma série de recuos, ele conseguiu avançar bastante em acordos mais favoráveis para os Estados Unidos e em quase todas as áreas, porém, no curto prazo. “Fundamentalmente, ele está apostando em um monte de vitórias a curto prazo e comprometendo mais longo prazo”.

Investimento em IA

Donald Trump; o CEO do SoftBank, Masayoshi Son; o CTO da Oracle, Larry Ellison; e o CEO da OpenAI, Sam Altman — Foto: Getty Images Donald Trump; o CEO do SoftBank, Masayoshi Son; o CTO da Oracle, Larry Ellison; e o CEO da OpenAI, Sam Altman — Foto: Getty Images

Logo após tomar posse, Trump anunciou um investimento do setor privado de até US$ 500 bilhões no que ele chamou de “maior projeto de infraestrutura de inteligência artificial da história”. OpenAI, Oracle e SoftBank trabalharão juntas para criar uma empresa chamada Stargate. Ele acrescentou que o empreendimento criará mais de 100 mil empregos no país, e que o investimento previsto será feito nos próximos quatro anos.

Um dia antes da divulgação deste novo projeto, Trump revogou uma Ordem Executiva do governo Biden sobre IA de outubro de 2023. Essa ordem pressionou por maior transparência por parte de grandes empresas que desenvolvem e usam a tecnologia.

No entanto, há tensão: as tarifas impostas por Trump em muitos insumos podem encarecer a construção de data-centers de IA. Alguns analistas veem esse protecionismo como um risco para a competitividade das big techs americanas.

Elon Musk no governo

Elon Musk e Donald Trump — Foto: Getty Images Elon Musk e Donald Trump — Foto: Getty Images

Elon Musk, que foi um grande apoiador do republicano durante a campanha eleitoral, assumiu, temporariamente, a função de uma espécie de consultor no DOGE (Departamento de Eficiência Governamental dos EUA), que visava reestruturar e cortar gastos do governo.

As críticas em torno do cargo de Musk eram que, embora consultor do governo, ele ainda continuava chefiando suas empresas privadas, e algumas até com contratos com o próprio governo, como SpaceX, Starlink e xAI, gerando conflito de interesses.

Mas as polêmicas não pararam por aí. Durante o período em que esteve no DOGE, uma equipe do departamento começou a assumir ou tentar assumir acessos a diferentes sistemas governamentais, de algumas agências federais. A equipe teve acesso a sistemas sensíveis de dados pessoais e financeiros, com funcionários de carreira se sentindo “retirados” de controle de sistemas que costumavam gerir. Isso gerou um grande debate público e institucional sobre a autoridade desse órgão e se as permissões estavam de acordo com a lei. Ele chegou a mandar um email para os funcionários públicos questionando quais trabalhos eles haviam realizado na semana anterior.

Além disso, opositores políticos criticaram o Doge por agir sem transparência e espalhar desinformação sobre gastos públicos. Musk foi acusado de exceder sua autoridade como um funcionário que não foi eleito.

A Casa Branca chegou a declarar em um processo judicial que Musk não era um funcionário do DOGE, mas da Casa Branca e conselheiro do presidente, afirmando ainda que ele não possuía autoridade para tomar decisões.

"Como outros conselheiros graduados da Casa Branca, Musk não tem autoridade real ou formal para tomar decisões governamentais por conta própria", dizia um documento assinado por Joshua Fisher, diretor do Escritório de Administração da Casa Branca.

A saída de Musk do governo Trump já era esperada, uma vez que sua função tinha permissão de trabalho de 130 dias por ano. O inesperado foi, na realidade, o fim da lua de mel dos dois. No final de maio, às vésperas de deixar sua função no Doge, Musk fez duras críticas ao projeto de lei fiscal promovido pelo presidente dos EUA, chamado One Big Beautiful Bill Act, dizendo que ele prejudica os esforços de corte de custos federais liderados por ele próprio.

Dois dias depois, Trump e Musk --que apareceu com um olho roxo-- deram uma entrevista coletiva, com o presidente dizendo que o bilionário continuaria "indo e voltando" para a Casa Branca.

Em junho, porém, o debate começou a ficar mais intenso. Trump defendeu seu projeto nas redes sociais, afirmando ainda que estavam surgindo "muitas afirmações falsas" sobre sua política econômica. No dia seguinte, Musk usou o X para atacar novamente o projeto, o chamando de "massivo, ultrajante, repleto de gastos" e "abominação nojenta".

As críticas continuaram até que em 5 de junho, Trump disse, no Salão Oval da Casa Branca, que ele e Musk tinham um grande relacionamento, mas que não sabia se ainda teriam, afirmando que o bilionário estaria preocupado com o possível corte de subsídios para veículos elétricos com seu projeto. Musk voltou a rebater as falas de Trump, que no mesmo dia disse estar "muito decepcionado com Elon".

O bilionário chegou a desenterrar publicações antigas de Trump no X, mostrando momentos em que o presidente criticava o déficit no orçamento americano. Disse ainda que sem ele, "Trump teria perdido a eleição", citando ingratidão por parte do presidente.

Trump, então, decidiu postar nas suas redes sociais para dizer que Musk estava se "esgotando" e pediu para que o bilionário saísse do cargo. O presidente também afirmou que Musk "ficou louco".

Musk, então, parece apoiar o impeachment de Trump, ao mencionar um teórico da conspiração que compartilhou sua acusação sobre os arquivos de Epstein e o presidente. Trump, depois, chegou a afirmar que não tinha planos de falar com Musk.

Em 11 de junho, Musk disse que se arrependia de algumas postagens que fez sobre o presidente, falando que elas passaram do limite. "Fui longe demais." Trump agradeceu o pedido de desculpas.

Para a professores do Mackenzie, essa parceria era controversa deste o início. “Quando você olha para os interesses particulares do Trump, da sua agenda política, e os interesses de Elon Musk, eles não convergiam em nenhum sentido. Há um compartilhamento ideológico. Musk se coloca como um conservador, como um defensor, apesar de ser de origem estrangeira, mas um defensor dos Estados Unidos, do Ocidente. Então, tem essa agenda ideológica parecida, mas a semente da discórdia estava plantada", afirma.

"Enquanto o Trump está dizendo: "Drill, baby, drill, vamos explorar petróleo", Musk é o maior produtor de carros elétricos nos Estados Unidos e que se beneficiou das políticas pró-indústria sustentável colocadas pelo governo Biden. Ali já estava mostrando que o interesse não estava compatível”, diz ela.

Além disso, Brandão afirma que trazer uma pessoa não eleita para dentro do aparato governamental com poder decisório grande, inclusive de remover funcionários de setores chave do governo sem que essa pessoa tenha sido referendada eleitoralmente de alguma forma é um cenário complexo.

“Musk não é funcionário de um partido, ele não é nem presidente, nem deputado, ele não foi eleito para nada. Ele foi colocado ali de forma arbitrária pelo próprio presidente. E com conflitos de interesse”.

Mundo das criptomoedas

Memecoin de Donald Trump — Foto: Getty Images Memecoin de Donald Trump — Foto: Getty Images

Quem vê Trump hoje apoiando as criptomoedas pode não se lembrar, mas o presidente já foi um grande crítico dos ativos digitais. Em 2019, por exemplo, ele disse que o bitcoin não era dinheiro e afirmou não ser fã de criptomoedas. Também declarou que ativos criptográficos não regulamentados poderiam facilitar comportamentos ilegais, como o tráfico de drogas e outras atividades ilícitas. Dois anos depois, voltou a criticar o setor ao dizer que o bitcoin “parecia uma fraude”.

Mas, logo em seguida, passou a dar sinais de que estava mudando de opinião. Em 2022, Trump faturou milhões ao lançar uma série de NFTs (non-fungible token ou token não fungível, em português).

E durante a campanha de 2024, a postura mudou de vez e ele passou a defender os ativos digitais. Trump chegou a dizer que faria dos EUA a "capital cripto do planeta". Sua família também passou a se envolver diretamente com o setor, por meio de parcerias com exchanges e de projetos ligados a tokens, como a World Liberty Financial, um projeto de finanças descentralizadas.

Para Neves, essa mudança de opinião não reflete um recuo. “Não é exatamente que ele acordou um dia e mudou de ideia. Não. Ele foi apresentado a uma coisa que ele não tinha clareza como funcionava e que seria para ele uma excelente oportunidade de negócio para ganhar bilhões de dólares. E de fato ganhou umas centenas de milhões de dólares.”

“Não é que ele muda, eu acho que o cenário todo muda. E ele muda junto com o cenário. Ele se adapta muito bem ao cenário”.

Trump gostou tanto da ideia que, dias antes de tomar posse como presidente dos Estados Unidos, ele lançou sua própria criptomoeda, batizada de $Trump, que rapidamente disparou. A meme coin, nome dado a moedas digitais inspiradas em memes ou tendências na internet, foi coordenada pela CIC Digital LLC, uma afiliada da Trump Organization.

Seguindo os passos do marido, Melania Trump também lançou uma criptomoeda meme na véspera da posse, chamada $Melania.

Mas a aproximação de Trump com o mundo cripto não parou por aí. Logo após assumir o cargo, ele emitiu uma ordem executivaque criou um grupo de trabalho para propor uma estrutura regulatória para criptoativos, parte de sua estratégia para posicionar os Estados Unidos como líder em ativos digitais. O ato fez o bitcoin disparar.

Em março de 2025, ele assinou outra ordem para estabelecer a Reserva Estratégica de Bitcoin e um estoque oficial de ativos digitais, usando criptomoedas confiscadas pelo governo, incluindo não só bitcoin, mas ethereum, XRP, solana e cardano. Esse movimento foi interpretado pelo mercado como um apoio simbólico às criptomoedas.

A administração também nomeou David Sacks, um executivo de tecnologia, para liderar as políticas de inteligência artificial e cripto no governo.

“Eu acho que ele aprendeu que a especulação financeira dá dinheiro", diz Brandão. "E as criptomoedas também são uma forma de você promover a especulação financeira. Porque o que a gente vê em torno da moeda dele é exatamente isso. Você bota o ativo no mercado, as forças de mercado em torno dela acabam criando uma especulação e as pessoas ganham e vendem em torno disso. Tem um conflito de interesses óbvio aí, onde ele dá um pronunciamento aqui, um pronunciamento ali, que pode levar a aumentar ou diminuir. Mas eu acho que tem mais coisas dentro dessa agenda que a gente ainda não sabe.”

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